a-ha quer lotar o Maracanã

O Estado de São Paulo - 15/01/1991

O a-ha não teme New Kids on the Block e acha que sua música evoluiu e amadureceu muito, desde a última vez que o grupo andou por aqui, lotou sambódromos e deixou garotinhas histéricas. O grupo norueguês, que continua no topo das paradas com uma nova versão para Crying in the Rain, uma antiga canção dos Everly Brothers incluída no seu LP mais recente, vem para o Rock in Rio com a esperança de fazer um bom show. Eles tocam no sábado, dia 26, naquela que pode ser considerada a noite mais soft pop do festival (além deles, há Debbie Gibson e Information Society como atrações internacionais). No fim da semana, Morten, vocalista da banda, conversou com o Caderno 2 sobre o trabalho do a-ha e, claro, sobre o Rock in Rio.

Quando falou com o Caderno 2, Morten estava ainda sob o frio nórdico, em sua casa em Oslo, arrumando as malas e preparando-se psicologicamente para enfrentar o calor carioca, tanto do clima quanto das fãs. Segundo Morten, a banda tem tocado na Noruega nas últimas semanas, promovendo o novo álbum, East of the Sun, West of the Moon. “O show do Rock in Rio certamente terá como base este novo disco, pois a estrutura de nossas apresentações atuais tem-se baseado nele. Mas vamos tocar outras coisas, com certeza”, garante Morten.

Os fãs da banda que forem ao Maracanã no dia 26 podem estar preparados para uma grande apresentação, ao menos em termos de duração. “Acho que tocaremos cerca de 1h45. O repertório vai incluir canções nossas que já foram sucesso tanto aí no Brasil como na Europa”, disse Morten. Ele acredita que o grupo cresceu bastante desde sua excursão pelo Brasil em 1989. Por isso mesmo ele descarta a hipótese de a gravação de uma música não composta pelo grupo ser seu grande sucesso atual. “Continuamos compondo canções que considero bastante boas. A gente gravou Crying in the Rain porque é uma canção que nos agrada. É uma canção dos Everly Brothers e nosso produtor, Terry Slater, tocou com eles durante um tempo. Foi Terry quem nos mostrou a canção e a achamos muito boa. Mas o arranjo é totalmente nosso, é uma coisa do a-ha”.

Morten confessa que até hoje eles estão surpresos com o grande sucesso que conseguiram no Brasil. O show apoteótico no Sambódromo em março de 1989 ficou gravado na memória dos noruegueses, que pretendem repetir a dose no Rock in Rio. Para isso, o a-ha conta com músicos de apoio e dispensa as novas técnicas de samplagem e a utilização de equipamento eletrônico para substituir os instrumentistas. “Acho muito interessante ouvir bandas que conseguem resultados bastante bons em performances de palco utilizando apenas equipamentos eletrônicos, mas essa não é a ideia da música do a-ha. A emoção de nossa música vem de tocarmos mesmo. Por isso, a gente prefere não utilizar coisas como samples ou baterias eletrônicas”.

A experiência brasileira marcou muito, segundo Morten, pois apenas aqui eles tiveram uma plateia tão grande e tão frenética. “Na Europa e nos Estados Unidos não costumamos tocar para um público tão numeroso. E desta vez, no Rock in Rio, ainda há um dado novo: é um festival. Isso é mais uma novidade para nós. Nunca tocamos num evento desse tipo e acho que vai ser uma experiência novamente interessante. Será bom, eu creio, poder ver outros artistas tocando numa mesma noite, incluindo alguns nomes a que nunca assisti antes. E há grandes nomes da história do rock envolvidos no Rock in Rio. Pode ser algo enriquecedor para nós”.

O show do a-ha no Rock in Rio, conforme diz Morten, é o início de uma excursão mundial para mostrar o novo disco. “A gente deu um tempo para nós mesmos. Precisávamos disso, precisávamos de algumas semanas com nossas famílias. Afinal, até a excursão brasileira de 1989, nós estávamos excursionando havia quatro anos sem interrupções”.

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